Descalabro no Dragão; FC Porto escorrega e vai chegar ao Clássico a 6 pontos do Benfica; Walter bisou (o 1.º golo foi aos 11 segundos), Bracali disse quase sempre presente; Azuis e brancos criaram pouco e ainda viram Casillas a brilhar; Maicon "enterrou" no 1-2

FC Porto 1-2 Arouca (Aboubakar 14'; Walter 1' e 66')

Adeus campeonato? O FC Porto caiu quando estava proibido de o fazer e ao perder no Dragão frente ao Arouca comprometeu as hipóteses de conquistar o título. Os dragões, que já estavam pressionados pela realidade da tabela, estão agora a 6 pontos do Benfica, sendo que podem acabar a jornada a 8 do Sporting, isto numa semana antes do Clássico na Luz. O conjunto portista vinha de 21 jogos sem conhecer o sabor da derrota em casa mas sofreu o 1-0 logo aos 11 segundos e raramente conseguiu desequilibrar a boa organização dos arouquenses. Aboubakar ainda empatou, mas um erro de Maicon na 2.ª parte permitiu uma vitória histórica do conjunto de Lito Vidigal, num jogo em que o jovem Walter brilhou com 2 golos, tendo Casillas também estado em destaque ao anular duas oportunidades claras.

Quanto ao jogo, começou com o golo mais rápido do campeonato até ao momento (11 segundos). Lançamento em profundidade pela direita (José Ángel “estava a dormir”), com Zequinha a entrar na área portista e a servir Walter González, que de forma algo atabalhoada, empurrou para o fundo da baliza. Os dragões pareceram surpreendidos com a entrada dos visitantes, que iam criando algum perigo em jogadas de ataque rápido. No entanto, o Porto foi estabilizando o seu jogo, subindo no terreno e tendo mais bola no meio campo contrário. O primeiro aviso foi de Danilo, que com um remate de fora da área fez passar a bola perto do poste, mas a primeira grande oportunidade pertenceu a Aboubakar, que com um cabeceamento permitiu uma grande defesa a Bracali. Na sequência do canto, os azuis e brancos chegaram mesmo à igualdade, com o inevitável Layún (mais uma assistência) a servir Aboubakar, que desta vez (novamente de cabeça) não perdoou. Os arouquenses não se intimidaram e estiveram perto do 1-2, com Nuno Coelho a aproveitar uma grave falha de marcação da defesa portista, mas a não conseguir desfeitear Casillas, que fez uma bela defesa com as pernas. Pouco depois foi a formação da casa a estar perto de marcar, mas Bracali voltou a negar o golo a Corona com uma excelente intervenção, após grande jogada dos pupilos de José Peseiro. A partir daí, o encontro acalmou um pouco e até ao intervalo apenas o Arouca conseguiu criar mais uma flagrante ocasião, com Casillas, com uma excelente mancha, a tirar o tento a Mateus, quando este seguia isolado. O segundo tempo começou com uma grande chance para os visitados, com Aboubakar a isolar-se, mas a não conseguir bater o guardião contrário. O jogo entrou então numa fase que os portistas assumiram a posse, jogando no meio campo adversário, mas sem conseguirem desequilibrar a equipa do Arouca, que defendia cá atrás. No minuto 66, o momento de jogo. Erro incrível de Maicon, bem aproveitado por Walter González que, perante Casillas, não perdoou e bisou na partida, gerando um coro de assobios no Dragão. Peseiro lançou Marega para o lugar de Brahimi (antes Varela tinha substituído André), com o maliano, logo na sua primeira intervenção, a pôr à prova Bracali e depois a ser protagonista de um falhanço, quando não aproveitou um cruzamento de Layún (mais um). Até ao final do encontro, o Porto não conseguiu criar mais oportunidades para empatar, com o jogo a desenrolar-se com muitas paragens e pouco tempo útil.

FC Porto - Primeiro momento crítico para Peseiro (também já tinha sido derrotado pelo Famalicão) que torna uma tarefa que por si só já era complicada em potencialmente impossível (se o Sporting vencer amanhã, ficará a 6 pontos do Benfica e a 8 dos Leões). O jogo começou da pior maneira para o novo treinador, com um golo madrugador fruto de uma desconcentração de Ángel que aborda o lance de uma forma amadora. A partir daí, a equipa até reagiu bem com um golo em resposta, mas as fragilidades após a perda da bola foram notórias e exploradas pelo Arouca. Os dragões posicionam-se de tal forma em ataque continuado que a recuperação do posicionamento é lenta e deficiente, com os laterais demasiado abertos e os médios interiores longe do seu meio-campo. Ainda assim, destaque para um posicionamento de Brahimi diferente face à era de Lopetegui, recebendo o esférico frequentemente no meio, deixando a ala para o lateral ou para um dos interiores (hoje vimos André André a cair muitas vezes na esquerda), algo que baralhou as marcações do Arouca. Diferentes não foram as dificuldades para criar oportunidades (a 2.ª parte foi parca em caudal ofensivo, à excepção de 2 ou 3 momentos) e, quando as existiram, Aboubakar foi perdulário (perdoou duas situações claras). A título individual, nota negativa para Maicon - soma às debilidades na 1.ª fase de construção erros demasiado infantis que hoje custaram um golo -, Àngel (o primeiro golo é uma falha individual) e Varela (continua a ser, surpreendentemente, a primeira opção vinda do banco para Peseiro). Pelo contrário, Casillas salvou uma desvantagem ainda maior, Brahimi esteve inconformado e Danilo manteve a boa forma.

Arouca - Estratégia muito bem montada por Lito Vidigal, a aproveitar um dos pontos fracos deste Porto: a transição defensiva. Entrar a ganhar foi determinante para fragilizar o adversário, mas mesmo depois do 1º golo a equipa voltou a criar oportunidades, quase todas através de transições rápidas apanhando o adversário desposicionado, ao ponto de igualar o número de chances flagrantes dos dragões. A velocidade do trio da frente foi decisiva para colocar em sentido a última linha do Porto, sobretudo por Mateus que viria a desperdiçar uma oportunidade ainda no primeiro tempo. Individualmente Walter González foi o melhor em campo (jovem paraguaio de 20 anos, internacional pelo seu país e que esteve recentemente no SudAmericano sub-20) aproveitando as bolas que teve para bisar e servindo de apoio aos seus médios, ganhando várias acções a Indi e Maicon. Para além do avançado, Hugo Basto teve imensas intercepções decisivas, Gegé esteve seguro na direita, ao passo que Bracali deu um espetáculo de segurança, neutralizando vários cruzamentos e tentativas de Aboubakar. Para a história fica a vitória no dragão (ainda mais para uma equipa que não vencia fora no campeonato desde a 1.ª jornada) e um resultado que permite aos Arouquenses subir ao 8.º lugar da primeira liga.


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